E viveremos felizes para sempre…
Este é o nosso tão sonhado desejo quando decidimos viver uma vida a dois ou a duas. Ao encontrarmos nossa suposta “cara metade” acreditamos que a felicidade será para sempre e que somente a chegada da morte porá fim à nossa linda história de amor.
À medida que o tempo passa, a fantasia infantil de que a outra pessoa nos completará, nos tornará a mulher mais feliz dessa vida e satisfará todas as nossas necessidades de afeto e aprovação vai caindo por terra e, aos poucos, vamos percebendo que o castelo encantado do amor romântico está ruindo. Tal constatação mobiliza frustração e raiva tanto do outro quanto de nós mesmas. Somos tomadas por uma intensa dor emocional e vivenciamos um luto pela morte do sonho idealizado de completude – que imaginávamos ter alcançado ao encontrar o amor de nossa vida.
A rotina vai sufocando, engessando e esfriando a relação, a paixão desaparece, o diálogo dá lugar aos silêncios intermináveis ou às caras emburradas, as diferenças tornam-se conteúdo para acusações e cobranças, o tesão vai desaparecendo, a vida sexual fica empobrecida e os laços de amor que nos uniam à outra pessoa tornam-se “nós”.
Com o tempo estes “nós” se transformam em verdadeiros “cabos de guerra” onde cada qual puxa para seu lado, responsabilizando a outra parte por seu sofrimento. Na disputa desenfreada por “poder” ou “ter razão” vale tudo. O que não percebemos é que nesta disputa não há vencedor(a), pelo contrário, ambas as partes perdem e se machucam profundamente.
Diante do sofrimento temos, frequentemente, a tendência de nos colocarmos como a “vítima inocente” da situação. Quando assim fazemos, projetamos na outra pessoa toda a responsabilidade pelos conflitos, por nosso sofrimento e, também, pela mudança na relação. Com isso, deixamos de assumir a responsabilidade que nos cabe pelo que está acontecendo, pelos ”nós” que se formaram ao longo do tempo, pelos “cabos de guerra” travados na relação e suas consequências.
Quando nos colocamos como a “vítima inocente”, certamente colocaremos a outra parte como a “algoz”, ou seja, a responsável por toda nossa dor e sofrimento ou como a “salvadora”, aquela pessoa que tem o poder de nos salvar e sanar todas as nossas necessidades. Fazemos isso consciente ou inconscientemente e com muito mais frequência do que possamos imaginar. É o chamado triângulo dramático, fenômeno tão presente nos relacionamentos e, ao mesmo tempo, tão nocivo.
Viver a dois ou a duas nos propõe muitos desafios. A crença de que encontramos nossa “cara metade” nos cega o entendimento e ficamos apaixonadas, não percebendo que a pessoa ao nosso lado é tão humana, limitada e imperfeita quanto nós e carrega consigo suas dores, traumas, crenças, mitos, desejos e necessidades. Quando a paixão esfria, deixamos as semelhanças que nos aproximaram de lado e enfatizamos as diferenças e a falta. Tudo parece incomodar e nosso limiar de tolerância cai a zero.
Quando acolhemos e respeitamos as diferenças e permitimos o exercício saudável da individualidade na relação, o relacionamento a dois ou a duas amadurece e se fortalece. Como acha que seria estar num relacionamento com uma pessoa exatamente igual a você?
Ciclos, crises e conflitos fazem parte da vida e dos relacionamentos. Quando emergem, mobilizam dor e sofrimento. Todavia, propõem desafios e mudanças. Os casais que conseguem lidar de forma criativa e resiliente com estas situações, amadurecem e fortalecem a relação.
Entretanto, há casais que estão muito desgastados e se sentem fragilizados e incapazes de lidar com as situações de adversidade necessitando de ajuda profissional para auxiliá-los no processo de ajustamento criativo tanto das dinâmicas das relações e resolução de conflitos do cotidiano, como os reflexos e influências que a sexualidade do casal pode sofrer.
A psicoterapia com casais ou terapia com casais não tem como objetivo encontrar culpados, seu foco é direcionado para terceira pessoa da relação: o relacionamento e busca auxiliar o casal em conflito a compreender os possíveis “nós” presentes na relação, identificar dificuldades, resgatar possibilidades e estabelecer ações efetivas para o enfrentamento e superação do conflito. Em muitos casos, o casal opta pela separação. A psicoterapia pode auxiliar nesse processo.
A presença de questões internas não resolvidas e relacionadas ao passado de cada uma das partes podem contribuir significativamente para com os conflitos no relacionamento. Quando identificadas, são sinalizadas e orienta-se a psicoterapia individual.
Outros fatores que podem gerar desgaste e conflitos na relação:
- Monotonia conjugal e desgaste da relação
- Dificuldades na comunicação
- Divergência de interesses
- Excesso de trabalho e ausência de rotina de trabalho (presencial ou home-office)
- Crises financeiras, demissão ou desemprego
- História de traição, perda de confiança, ciúmes
- Doenças graves e/ou incapacitantes
- Relação abusiva e violência doméstica
- Divergência na criação e educação dos filhos
- Aposentadoria, doença ou invalidez
- Saída dos filhos de casa
- Perda por morte de filhos ou entes queridos
- Mudanças no ciclo de vida familia
- Intimidade excessiva e ausência de limites
Em relação à sexualidade, queixas frequentes estão relacionadas à:
- frequência sexual discordante;
- insatisfação em relação à vida sexual
- forma, estilo, vontades e interesses sexuais diferentes;
- conflitos conjugais e divergências cotidianas;
- monotonia sexual, repertório sexual empobrecido;;
- luto por descoberta de traição, desconfiança e infidelidade;
- falsas expectativas sobre a parceria ou parceiro
- parceiro com disfunção erétil ou ejaculação precoce;
- parceiro com redução da libido;
- tamanhos de genitais desproporcionais;
- impactos da pornografia.
- baixa ou ausência de libido
- dificuldade em alcançar o orgasmo (anorgasmia feminina)
- disfunção erétil ou ejaculação precoce
- vaginismo
- dispareunia
Após uma avaliação individualizada da demanda do casal é possível indicar a melhor abordagem:
- Terapia Sexual
- Psicoterapia Individual
- Psicoterapia de Casal
- Combinação dessas.