Como esperado, a busca por padrões estéticos mais aceitos chega a região genital. Mas o que exatamente essas características sinalizam?
Muito além do padrão de beleza imposto, há uma preocupante tendência de infantilizar a genitália feminina.
- A Mulher faz laser, tirando o máximo de pelo possível;
- Faz com que não veja o pequeno lábio;
- Clareia a vulva.
A genitália infantil é assim: mais clara, sem o pequeno lábio para fora, sem pelo.
Sem dúvida isso tem um peso muito grande mental e é um grande gerador de traumas.
- Mulheres retardam o início da atividade sexual,
- sentem nojo ou repulsa pela sua região genital,
- evitam contato visual com seu parceiro se estiverem nuas,
- evitam receber sexo oral.
A supervalorização da juventude e a dificuldade em lidar com o envelhecimento, associada a questões preconceituosas raciais se unem a questões claras de baixa estima, onde o pequeno lábio seria a chance de fazer surgir uma nova mulher. Há necessidade clara de triar as mulheres que procuram a cirurgia íntima. Dando suporte emocional às que apresentam sinais de depressão, transtornos de distorção corporal ou mesmo mulheres que buscam a cirurgia por desconhecimento da diversidade anatômica dessa região.
Gosto muito desse trecho escrito pela Lola Aronovich: “A sexualização de meninas e a infantilização de mulheres são dois lados da mesma moeda. São duas maneiras de achar que devemos considerar a juventude, a inexperiência e a inocência características sexy nas mulheres, mas não nos homens. Isso reforça a diferença de poder e status entre homens e mulheres, em que vulnerabilidade, fraqueza e dependência e seus opostos são traços de gênero: desejáveis em um sexo, mas não no outro.“
A sociedade pressiona a mulher e não o parceiro individualmente. Na minha experiência, a demanda surge da própria mulher. O parceiro ou parceira não costuma queixar ou pedir que a mulher opere.
Para praticarmos uma medicina íntegra precisamos identificar mulheres que podem ser beneficiadas com determinado procedimento estético, das que precisam apenas de reforço de auto-estima. Sem participar de movimentos oportunistas e sem formular padrões, exercemos uma medicina em que o resultado positivo se manterá anos após, já que novos padrões surgirão. Uma vez cortado, Adeus! Que a decisão por retirar os pequenos lábios seja tomada com prudência e buscando profissional com experiência.