Hipertensão Arterial

Termos semelhantes:

Hipertensão arterial sistêmica, Pressão alta, Pico pressórico, Pico de pressão, Elevação da pressão, Pressão descontrolada.

A pressão alta (hipertensão arterial sistêmica) é o aumento dos níveis de pressão sanguínea nos vasos que levam sangue para o corpo, conhecidos como artérias.

O coração funciona como uma bomba. Assim, para chegar aos órgãos, o sangue é bombeado do coração para os vasos. A combinação entre a força que o coração faz e a resistência dos vasos gera a pressão alta.

A pressão alta (hipertensão) é a doença crônica que mais causa mortes, matando mais que o cigarro, o colesterol alto, o infarto, e o acidente vascular cerebral (derrame cerebral)!

A pressão alta é uma doença silenciosa e, por isso, muito perigosa. Em geral, a pessoa com pressão elevada não sente nada por anos. E por ser uma doença traiçoeira, a pressão deve ser aferida pelo menos uma vez por ano.

Como saber se você tem pressão alta?

Para isso você deve medir sua pressão com o aparelho de medir pressão, conhecido como esfigmomanômetro, dando preferência aos aparelhos que medem a pressão no braço. Sua pressão será considerada alta se:

• for medida pelo menos duas vezes em consultório médico, com intervalo de dias a semanas, e atingir valores acima de 140 x 90 mmHg (14×9);
• se for medida em casa e apresentar valores acima de 130 x 80 mmHg (13×8);
• se for medida por meio dos exames de monitorização ambulatorial da pressão arterial (MAPA) ou monitorização residencial da pressão arterial (MRPA) e apresentar média acima de 130 x 80 mmHg (13×8). Também são considerados elevados os valores superiores a 120 x 70 mmHg se a pessoa estiver dormindo e a 135 x 85 mmHg (13,5×8,5) se estiver acordada.

A pressão é classificada conforme a tabela apresentada a seguir:

Além das apresentadas na tabela, também existem outras classificações:

• hipertensão do avental branco, quando a pressão somente se eleva no consultório médico, porém fora dele mantém-se normal. É relativamente comum, sendo observada em 15-19% das pessoas no consultório. Mesmo com valores normais de pressão, a hipertensão do avental branco está associada a doenças metabólicas, como diabetes, e a maior risco de doenças cardiovasculares, como infarto e acidente vascular cerebral (AVC);
• hipertensão mascarada, quando a pressão é alta e apresenta valores normais no consultório, podendo ocorrer em até 7-8% das pessoas no consultório;
• quando somente a pressão arterial sistólica está elevada chamamos de pressão arterial sistólica elevada;
• quando somente a pressão arterial diastólica está elevada chamamos de pressão arterial diastólica elevada.

É importante ressaltar que pessoas com pré-hipertensão já apresentam risco maior, pois aumenta em 40% a chance de essas pessoas possuírem outras doenças, como infarto e acidente vascular cerebral (AVC).

Considerando-se a possibilidade da presença de hipertensão do avental branco e de hipertensão mascarada, a pressão deve ser medida tanto no consultório médico como fora dele.

Como a pressão alta possui várias classificações, o ideal é que seja avaliada por um médico especializado.

Conheça o passo a passo para medir adequadamente a pressão arterial em sua casa:

• Repouse pelo menos 5 minutos antes.
• Não pratique exercícios físicos 60 minutos antes.
• Use roupa com manga curta para medir a pressão ou retire a blusa, caso esteja com manga longa.
• Se estiver sentado, descruze as pernas e coloque os pés no chão.
• Não fale durante a aferição.
• Esvazie a bexiga antes.
• Não fume por pelo menos 30 minutos antes.
• Não ingira bebidas alcoólicas antes.
• Evite alimentos com cafeína, como café, coca-cola e chocolate, pelo menos 30 minutos antes.
• Escolha aparelhos digitais que meçam a pressão no braço (acima do cotovelo) e não os aparelhos de punho.
• Os aparelhos de punho e de dedo não devem ser usados.
• Caso você pretenda adquirir uma aparelho, um bom ponto de partida para sua pesquisa é o site (em inglês) dableducational.org/sphygmomanometers/devices_2_sbpm.html.

Na hora de medir com aparelhos digitais, deve-se tomar cuidado com as pessoas com algum tipo de arritmia. Essas pessoas, por possuírem batimentos cardíacos descompassados, podem obter medidas erradas, mesmo com os aparelhos recomendados no site indicado. Nesse caso, o ideal é fazer a medição com profissional capacitado.

Deve-se ressaltar, também, a importância de ter o aparelho certo para fazer a medição. O manguito (a parte de tecido do aparelho) deve ser adequado para o tamanho da pessoa, ou seja, não adianta medir a pressão de uma criança com um manguito de adulto, assim como o manguito para pessoa com obesidade não é o mesmo para uma pessoa muito magra.

Para exemplificar, observe que o manguito apresentado na figura (parte de tecido azul) é apropriado para pessoas com circunferência do braço entre 22 cm e 32 cm, e não deve ser utilizado por pessoas com circunferência maior ou menor que a indicada.

Existem vários motivos para uma pessoa possuir pressão alta, que é uma combinação de fatores genéticos, sociais e ambientais. Entre os fatores genéticos, se a mãe ou o pai possuem pressão alta, a chance de a pessoa possuir aumenta em 30-50%, mas se o pai e a mãe possuem hipertensão, a chance passa a ser de 60%.

Entre os fatores ambientais e sociais, destacam-se consumo excessivo de álcool, uso de cigarro, sedentarismo, estresse, ansiedade, doenças associadas, como diabetes, obesidade e hipotireoidismo, e uso de medicamentos, como corticoides.

Em situações mais raras, que correspondem a 3-5% dos casos, a hipertensão também pode ser secundária a outras doenças, como feocromocitoma, hiperaldosteronismo primário, hipotireoidismo, hipertireoidismo, síndrome da apneia obstrutiva do sono (SAOS), síndrome de Cushing, problemas renais, estenose da artéria renal.

Quando não tratada ou mal tratada, a pressão descontrolada pode trazer sérios riscos à saúde, afetando órgãos importantes como cérebro, coração, rins, olhos e vasos sanguíneos. Quando traz repercussões a alguns desses órgãos, considera-se hipertensão com lesão de órgão-alvo. As repercussões também podem ocorrer de forma silenciosa, por isso a necessidade de avaliação da pressão pelo menos uma vez por ano.

A chance de atacar algum órgão é maior quanto maior o tempo de pressão descontrolada ou quanto maior o valor da pressão.

Com o acometimento de vários órgãos, a pressão alta pode causar doenças como infarto, insuficiência cardíaca, acidente vascular cerebral (AVC), aneurisma de aorta, insuficiência renal, doença de Alzheimer, demências, doença vascular periférica, e retinopatia hipertensiva (acometimento do olho). Em decorrência da possibilidade de acometimento de outros órgãos, as pessoas com hipertensão devem ser avaliadas quanto à presença de lesão de órgão-alvo. Assim, além de examinar minuciosamente o paciente, o médico deve solicitar a realização de alguns exames, como:

• creatinina;
• potássio plasmático;
• glicemia de jejum;
• hemoglobina glicada;
• colesterol total e frações;
• ácido úrico;
• microalbuminúria;
• eletrocardiograma de 12 derivações;
• ecocardiograma bidimensional com Doppler colorido;
• monitorização ambulatorial da pressão arterial (MAPA);
• exame de fundo de olho (realizado pelo oftalmologista).

O tratamento da pressão alta vai muito além da administração de medicações, englobando também mudanças nos hábitos de vida:

• Interrupção do tabagismo.
• Diminuição da ingestão de álcool, que deve ser limitada a 30 g de álcool por dia. Em mulheres e homens de baixo peso, as quantidades devem ser reduzidas pela metade:
  • 1 garrafa de cerveja (5% de álcool, 600 ml);
  • 2 taças de vinho (12% de álcool, 250 ml);
  • 1 dose de destilados (42% de álcool, 60 ml).
• Perda de peso.
• Restauração do sono.
• Controle do estresse e da ansiedade.
• Realização de exercícios físicos, pelo menos 150 minutos de exercícios moderados ou 75 minutos de exercícios intensos, conforme tabela a seguir:

Dieta com restrição de sódio:

• ingestão, idealmente, de 2 g de sódio ou 5 g de sal (uma colher de chá rasa);
• redução da ingestão de alimentos industrializados (presunto, mortadela, salsicha, linguiça, salame, bacon, carne seca, nuggets), enlatados (extrato de tomate, milho e ervilha em conserva), queijos amarelos (parmesão, provolone, prato), temperos prontos, molho inglês, ketchup, mostarda, maionese, extrato concentrado, temperos prontos, amaciantes de carne, sopas desidratadas e lanches industrializados (chips, batata frita e salgadinhos).

Dieta rica em potássio:

• ingestão de alimentos como damasco, abacate, melão, leite desnatado, iogurte desnatado, folhas verdes, peixes (linguado e atum), feijão, laranja, ervilha, ameixa, espinafre, tomate e uva passa.

O tratamento medicamentoso envolve um arsenal de medicamentos e o alvo da pressão é determinado pelo risco cardiovascular, ou seja, o risco de a pessoa ter eventos como infarto e acidente vascular cerebral (AVC) em 10 anos, por exemplo. A seguir estão listados os medicamentos de primeira linha para o tratamento da pressão arterial. A escolha do melhor medicamento depende de várias condições, como presença de outras doenças e alergias:

• bloqueadores dos canais de cálcio (BCC): anlodipino, nifedipino, levanlodipino;
• inibidores da enzima conversora de angiotensina (IECA): enalapril, ramipril, captopril;
• bloqueadores dos receptores da angiotensina II (BRA): losartana, candesartana, valsartana;
• tiazídicos: indapamida, hidroclorotiazida, clortalidona.

Em gestantes, pacientes com insuficiência renal ou pacientes sem controle com esses medicamentos podem ser necessários outros medicamentos, como hidralazina e metildopa.

O adequado entendimento e o tratamento da hipertensão são essenciais, em decorrência dos  vários danos causados pela doença. Dessa forma, buscar um profissional capacitado faz toda a diferença no processo.

Assim, se você está com sua pressão arterial elevada procure um médico cardiologista de confiança e faça uma avaliação.