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Gestação Múltipla.

A notícia de uma gestação múltipla ou gestação gemelar traz um misto de ansiedadefelicidade para a família, mas é necessário ter em mente que há um longo caminho que deve ser percorrido para que essa alegria seja plena.

Nas últimas décadas observou-se um aumento dos casos visto que, por questões afetivas, pessoais, profissionais ou financeiras, a maternidade tem sido adiada levando a necessidade de técnicas de reprodução assistida que são responsáveis por 25% das gestações gemelares.

Sabe-se que quando comparadas as gestações únicas teremos mais complicações maternas como anemia, hipertensão arterial, pré-eclâmpsia, diabetes gestacional, tromboembolismo  e também complicações fetais como abortamentos , malformações , restrição de crescimento fetal e principalmente a prematuridade .

Exatamente por isso que é de extrema importância que o acompanhamento no pré-natal de alto risco englobe consultas com intervalo de 3 semanas até 30 semanas, após a cada 15 dias e a partir de 34 semanas seja semanal. O acompanhamento também será individualizado de acordo com o tipo de gestação.

Quando falamos da origem da gestação gemelar precisamos conhecer alguns termos como zigoto, córion e âmnion que ajudarão o obstetra a entender sobre os riscos de cada gestação, além de responder as perguntas frequentes da família sobre a probabilidade de os bebês serem do mesmo sexo, serem idênticos ou não, e também em conjunto programar o acompanhamento mais adequado.

O zigoto é o nome dado ao óvulo fecundado. Na gestação monozigótica pode ocorrer quando o ovário libera um óvulo que será fecundado por um espermatozoide, formando um único zigoto que irá se dividir carregando a mesma carga genética, ou seja os gêmeos idênticos.

Por outro lado, o ovário pode liberar mais de um óvulo e cada um ser fecundado por um espermatozoide, formando então vários zigotos. Estes são chamados  dizigóticos e serão geneticamente diferentes  podendo ou não ser do mesmo sexo. É o que mostra a figura 1.

Figura 1

Porém, mais importante que avaliar se a gestação é monozigótica , dizigotica ou polizigotica é classificar quanto ao número de placentas e bolsas.

Usamos o prefixo Córion quando nos referimos a placenta e âmnion quando estamos falando do número de bolsas amnióticas (ou bolsa das águas – que é a bolsa de liquido que envolve o bebê). A corionicidade, ou seja se os bebês tem a mesma placenta ou não é um dos parâmetros para avaliar os riscos de complicações da gestação gemelar.

Nas gestações dizigóticas ( dois óvulos fecundados por espermatozoides diferentes) obrigatoriamente teremos duas placentas e duas bolsas. Serão dois bebês diferentes em carga genética podendo ser ou não do mesmo sexo.

Nas gestações monozigóticas (um óvulo fecundado por um espermatozoide e este óvulo fecundado se divide) teremos bebês com carga genética igual e obrigatoriamente do mesmo sexo.

As monozigóticas quanto ao número de placentas e bolsas podem apresentar-se de diversas formas, conforme ilustra a figura 2.

Uma placenta e uma bolsa (Monozigótica – Monocoriônica – Monoamniótica)

Uma placenta e duas bolsas (Monozigótica – Monocorionica – diamniotica)

Duas placentas e duas bolsas (Monozigótica-dicorionica –diamniotica)

Figura 2

Essa diferenciação é  feita através da realização de ultrassonografia entre 6 a 9 semanas de gestação e é de extrema importância pois o principal fator de risco para as gestações múltiplas é a corionicidade. A prematuridade é a principal complicação, ocorrendo em mais da metade das gestações gemelares principalmente nas monocorionicas. Outra complicação importante que pode atingir até 10% das gestações gemelares com apenas uma placenta e duas bolsas é a síndrome da transfusão feto fetal que ocorre quando não há uma distribuição equilibrada do fluxo placentário entre os fetos devido a anastomoses (ligações dos vasos) placentárias.

Para diagnosticar essas alterações, avaliar o desenvolvimento fetal, diagnosticar as restrições de crescimento fetais e avaliar o bem-estar fetal os exames de imagem são indispensáveis.  As ecografias são mensais  e nas monocorionicas a cada duas semanas.

Quanto a via de parto também existem critérios que devem ser avaliados . O parto vaginal é possível nas dicoriônicas por volta de 38 semanas, porém é preciso avaliar o peso dos fetos, a posição, a quantidade de líquido amniotico e a diferença de peso entre os fetos. É necessário equipe experiente, analgesia e sala para emergências disponível. Nas monocorionicas os partos costumam acontecer mais cedo por volta de 36 semanas nas diamnioticas e 34 semanas nas monoamnióticas.

Por todas estas questões é importante que as gestações gemelares sejam acompanhadas em pré natal de alto risco e por equipe multidisciplinar a fim de que seja possamos diagnosticar e quando possível prever e prevenir as complicações para que apesar dos riscos tenhamos um desfecho saudável e feliz para todos os envolvidos.

Dra. Fernanda Torino

Ginecologista e Obstetra, CRM: 19772, RQE: 11733

Ginecologia e Obstetrícia | Pré-Natal de Alto Risco | Gestação de Alto Risco

“Conhecemos as várias funções exercidas pelas mulheres, por isso é necessário que o cuidado englobe todos os aspectos da vida . Sendo múltipla não pode ser tratada como parte.”

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