O cólon e o reto são partes do sistema digestivo. Eles formam um longo tubo muscular denominado intestino grosso. O cólon ocupa os primeiros 1,2 a 1,5 metro do intestino grosso. O reto ocupa os últimos 15 centímetros desse tubo muscular.
Alimentos parcialmente digeridos entram no cólon pelo intestino delgado. O cólon reabsorve água e nutrientes dos alimentos e transforma o resto em resíduos (fezes).
Segundo estimativas do Instituto Nacional de Câncer (Inca) em 2020, a incidência de câncer colorretal foi 20.540 em homens e 20.470 em mulheres, o segundo em incidência em ambos os sexos. Em geral, a população enfrenta um risco vitalício de desenvolver a doença em cerca de 5%. O câncer colorretal atinge homens e mulheres com frequência quase igual, enquanto alguém com histórico familiar de câncer colorretal tem uma chance de 10 a 15% de desenvolver a doença. O risco aumenta para mais de 50% em pessoas com colite ulcerativa e aqueles cujos membros da família possuem mutações genéticas específicas.
Fatores de Risco
O câncer de intestino está fortemente associado a hábitos de alimentação, nutrição e atividade física. O sobrepeso ou obesidade aumentam o risco de desenvolver câncer colorretal, com evidente relação dose-resposta. O consumo de carnes processadas e embutidos, como presunto, salsicha, linguiça, bacon, salame, mortadela e peito de peru, e o de carne vermelha em excesso, está fortemente associado ao aumento do risco de desenvolvimento de câncer colorretal.
Além disso, o tabagismo e etilismo também são fatores de risco esse tipo de neoplasia maligna.
Em contrapartida os alimentos in natura, ricos em fibras associados a atividade física tem o efeito protetor nas diferentes fases da carcinogênese, desde a iniciação até a progressão da doença.
Outros fatores não relacionados ao estilo de vida que podem aumentar o risco de câncer colorretal são:
- Idade: dentre pessoas com diagnóstico de câncer colorretal, cerca de 90% têm mais de 50 anos
- História familiar de câncer colorretal (especialmente pais ou irmãos)
- História pessoal de doença de Crohn ou colite ulcerosa por oito anos ou mais
- História pessoal e familiar de pólipos colorretais
- História pessoal de câncer de mama, útero ou ovário
Sintomas
O câncer colorretal costuma ser uma doença silenciosa. Ou seja, se desenvolve sem nenhum sintoma.
Quando há algum sintoma, os pacientes podem apresentar sangue nas fezes, mudança nos hábitos intestinais, fezes afiladas, dor abdominal, perda de peso, diarreia, constipação (prisão de ventre) e sensação de evacuação incompleta.
Se você tiver algum desses sintomas, por mais de duas semanas, consulte o seu médico ou profissional de saúde imediatamente. Embora nem todas as pessoas que apresentam esses sintomas tenham câncer de cólon, a persistência desses sintomas não é normal e requer investigação adicional para determinar a causa subjacente.
Prevenção
O câncer colorretal relacionado ao pólipo pode ser prevenido. A doença se desenvolve a partir de pólipos benignos (crescimentos semelhantes a cogumelos no revestimento do cólon e reto). A detecção e remoção desses pólipos por meio da colonoscopia antes que se tornem cancerosos pode prevenir o desenvolvimento da doença. As recomendações de procura pelo câncer colorretal são baseadas no histórico médico e familiar. O rastreamento geralmente começa aos 45 anos em pacientes com risco médio. Aqueles com maior risco são geralmente aconselhados a fazer a primeira triagem em uma idade mais jovem.
Uma dieta pobre em gorduras e rica em fibras (grãos inteiros, frutas e vegetais) junto com exercícios regulares pode ajudar a diminuir o risco de desenvolver câncer colorretal. O uso excessivo de álcool, obesidade e tabagismo têm sido associados a um risco aumentado de desenvolver câncer colorretal.
O câncer colorretal pode ser curado em até 90% das pessoas quando descoberto em seus estágios iniciais.
O exame de sangue oculto nas fezes é uma estratégia utilizada como um primeiro teste de suspeição (triagem), que necessitará, nos casos positivos, de exame complementar/confirmatório. As grandes vantagens desse método são simplicidade, o baixo custo e a ausência de complicações. Os exames endoscópicos (sigmoidoscopia e colonoscopia), são confirmatórios.
Diagnóstico e Estadiamento
Após o diagnóstico, usando a colonoscopia, que é um exame de todo o cólon com um tubo longo e fino flexível com uma câmera e uma luz na extremidade (colonoscópio) com realização de biópsia, os seguintes testes podem ser usados para estadiamento:
– Tomografia de abdome e tórax
– Tomografia por emissão de pósitrons (pet)
– Teste de sangue cea
– Ressonância magnética ou ultrassom endorretal
A extensão do câncer (estadiamento clínico) está ligada à tomada de decisão do tratamento e ao resultado pós-tratamento do paciente. O estadiamento baseia-se no fato de o tumor ter invadido tecidos próximos ou nódulos linfáticos ou se espalhado para outras partes do corpo. O estadiamento final só é determinado após a cirurgia com retirada do material e envio para análise na patologia.
Tratamento Cirúrgico
A cirurgia para remover o câncer colorretal quase sempre é necessária para uma cura completa. O tumor e os gânglios linfáticos são removidos, junto com uma margem de cólon normal de cada lado do tumor. Técnicas cirúrgicas minimamente invasivas, como laparoscopia ou robótica, podem ser usadas por cirurgiões treinados com base em cada caso.
Quando um segmento do cólon ou reto é removida, o cirurgião geralmente pode reconectar as extremidades saudáveis do intestino. Isso é chamado de anastomose. No entanto, às vezes a reconexão não é possível. Nesse caso, o cirurgião cria uma ostomia é uma abertura cirurgicamente que conecta uma parte do cólon ou intestino delgado à pele da parede abdominal Este procedimento é normalmente realizado apenas em um número muito pequeno de pacientes com câncer colorretal, geralmente associados a cirurgia de urgência. Menos comumente para o câncer de cólon, o intestino delgado pode ser usado para criar um estoma (uma ileostomia). Para muitas pessoas, pode ser decidido por um estoma temporário que pode ser revertido alguns meses depois.
O câncer de cólon tem mais probabilidade de cura se precocemente extraído, antes de se disseminar. Os cuidados pré e pós operatório, além do acompanhamento após o tratamento da doença são fundamentais para aumentar a qualidade de vida do paciente.