Estou grávida. E agora?
A gravidez é um momento único em nossas vidas. Muito esperado por algumas e não tanto por outras. Ela é caracterizada por grandes mudanças físicas, hormonais e emocionais. Além disso, é o momento onde é iniciado o relacionamento mãe-bebê.
Complexa e com muitos aspectos singulares e subjetivos para cada uma de nós e para cada acontecimento, a gestação é um das três fases críticas de transição no nosso ciclo vital (As outras duas fases críticas são a adolescência e o climatério).
Além das alterações ocorridas nos papéis familiares e sociais, diversos sentimentos, por vezes contraditórios, aparecem em nós durante a gravidez. Esses novos sentimentos precisam ser ajustados, de forma a propiciar uma vivência mais saudável desse momento.
Sabemos que ser mãe não é uma tarefa fácil. E isso, por si só, pode ser um motivo de preocupação para as futuras mamães. Nessa hora podem surgir incertezas quanto às escolhas a serem tomadas, medos relacionados ao parto e ao puerpério e insegurança quanto à habilidade de cuidar do bebê.
A gestação é considerada socialmente como um momento pleno para nós, mulheres. Momento em que não cabe nenhum sentimento negativo, apenas total satisfação e felicidade. Mas, sabemos que essa não é a realidade. Entretanto, isso faz com que seja mais difícil para a gestante expressar seus sentimentos e passar pelas adversidades desse período.
Alguns sentimentos que podem ser vivenciados pelas gestantes são: irritabilidade; sensibilidade aumentada; inquietação; preocupações constantes; oscilações de humor; dentre outros. Precisamos lembrar que esses ou outros sentimentos não significam que nós não amamos ou não desejamos a gravidez ou o bebê, certo?
Dessa forma, além do pré-natal convencional, realizado pela obstetra, é totalmente indicado que a futura mamãe faça o pré-natal psicológico.
E então o bebê nasce…
E mais uma vez passamos por um turbilhão de emoções das mais variadas. Nesse momento, temos a expectativa de que algumas coisas vão voltar a ser como eram antes da gestação. Mas não é bem assim…
A começar pelo nosso corpo. Por vezes pensamos que quando o bebê sair dali, o corpo voltará a ser exatamente aquilo que ele era antes de engravidar. E isso não acontece. Precisamos nos adaptar ao nosso novo corpo, que mais uma vez passa por mudanças e que nós ainda não conhecemos. Trata-se de um corpo novo, que precisa ser conhecido e aceito.
Além disso, precisamos aprender a lidar com um serzinho que até então não conhecíamos. Um bebê muito esperado, mas não conhecido. Amado, mas que ainda não sabemos diferenciar os seus choros.
É o momento de nos adaptarmos ao bebê, à amamentação e a privação de sono. Ah, o sono! Será que ele um dia irá voltar a ser o mesmo?
Com a maternidade surgem novas preocupações e limitações. E o fato é que não é sempre que conseguimos lidar com essas modificações com facilidade. Nesse momento a felicidade plena também é cobrada pela sociedade, assim como na gestação. E as novas mamães não encontram abertura para conversar sobre suas dificuldades.
A puérpera precisa de um espaço acolhedor de escuta, sem julgamentos e sem a idealização de uma maternidade irreal. Além disso, é interessante uma rede de apoio para lidar com as atividades diárias de cuidados com a casa e com o bebê de forma a proporcionar algum momento de descanso e de autocuidado para as mamães, não é mesmo?
O acompanhamento psicológico tem o objetivo de oferecer esse espaço de escuta às novas mamães. Além disso, oferece um suporte na compreensão dessa nova fase, assim como na constituição do seu novo papel social materno.